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Como a falta de investimento em pesquisa a longo prazo afeta o país em tempos de pandemia?

Em tempos de pandemia de coronavírus, o mundo todo volta seus olhos aos pesquisadores. O trabalho dos cientistas está no foco, sendo muitas vezes prestigiado e, outras, deslegitimado. O que não percebemos é que mesmo fora de situações adversas como a atual, a ciência constantemente faz parte do nosso cotidiano. O cientista Carl Sagan estava certo ao dizer que, embora a sociedade seja extremamente dependente de ciência e tecnologia, quase ninguém sabe o que isso realmente significa.


Além dos avanços mais óbvios aos olhos de quem não está no meio científico, como contribuições para a medicina, descoberta de doenças, e criação de vacinas, a ciência também se faz presente nas coisas mais simples do nosso dia a dia, como os avanços na internet. As pesquisas científicas aumentam o nosso conhecimento acerca de fenômenos biológicos, sociais, econômicos, entre tantos outros.


Apesar de todas essas contribuições, em muitas situações o saber científico é rejeitado pela sociedade. São inúmeros os movimentos que deslegitimam a ciência no mundo todo, como o movimento antivacinas e o terraplanismo. Ao observar o panorama atual, em meio à pandemia, é evidente a existência de pessoas que ainda se negam a acreditar no potencial desse vírus, o qual é temido por cientistas do mundo todo. Tornaram-se explícitas críticas e questionamentos quanto à demora do surgimento de uma solução para o vírus, mas se esquecem que fazer ciência demanda tempo, paciência e investimentos constantes.


O cenário de deslegitimação da ciência no Brasil vêm, há muito tempo, condenando a pesquisa científica como gasto, e não como investimento, negando sua necessidade ao desenvolvimento de um país. Ao analisar a trajetória da ciência no Brasil, é possível perceber que o país somente começou a investir nesse campo no início do século. Porém, foi a partir do governo Lula, com início em 2006, que o atual Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) passou por um período de maior crescimento, com o aumento progressivo nas verbas destinadas à pasta. De 2010 a 2013, os investimentos no setor atingiram o seu ápice, chegando a aproximadamente 10 bilhões de reais por ano.


No ano de 2014, entretanto, teve início a crise que se estende até os dias de hoje, com cortes constantes até o fim do mandato de Dilma Rousseff. Sob o governo de Michel Temer, o Ministério da Ciência e tecnologia sofreu um contingenciamento de 44% das despesas previstas para 2017, totalizando 3,77 bilhões de reais, o menor orçamento dos últimos 12 anos. Apesar do momento de crise, em 2015, vivíamos um cenário em que haviam laboratórios bem equipados, supridos de reagentes e muitos estudantes com bolsa, resultado dos investimentos feitos nos anos anteriores. Essa preparação levou à liderança brasileira na descoberta da relação entre o zika e o aumento de casos de microcefalia e outras alterações em bebês. O protagonismo científico brasileiro foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que, na época, ressaltou a rapidez nas investigações conduzidas pelo Brasil.


A situação parecia um pouco melhor no início de 2018, quando foi anunciado um investimento de 4,7 bilhões na pasta. Porém, novos cortes foram realizados, o que chegou a atrasar pagamento de bolsas de pesquisa. Esse atraso levou o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) a entrar em 2019 com um rombo de 300 milhões de reais no orçamento. Para 2019, o Congresso havia aprovado um orçamento de 5,1 bilhões de reais para o MCTIC, porém, logo depois, o governo decretou o contingenciamento de 42% das despesas da pasta, reduzindo para cerca de 2,9 bilhões de reais os recursos disponíveis para o ministério. O gráfico abaixo mostra a situação da ciência desde o início do século XXI até o momento em que vivemos hoje.


KOELLER, Priscila. Investimentos federais em pesquisa e desenvolvimento: estimativas para o período 2000-2020. 2020.


Mas, afinal, quais são as consequências diretas do contínuo desmonte da ciência brasileira com a chegada da pandemia?


A chegada da pandemia de COVID-19 ao Brasil escancara o descaso com a ciência e a tecnologia. Laboratórios defasados, falta de materiais e equipamentos adequados, dificuldade na obtenção de insumos para as pesquisas, falta de testes para o novo coronavírus. Tudo isso é decorrente da falta de investimentos, que, a longo prazo, afeta também os pesquisadores. Estes, dedicam suas vidas à pesquisa e de repente, são surpreendidos pelos cortes de bolsas, obrigando-os a deixar suas pesquisas em busca de condições de vida, ou até mesmo trabalhar em condições extremamente precárias, sem ao menos receber bolsas de pesquisa, situação observada em muitos laboratórios nas principais universidades do país.


Ademais, segundo dados da BBC News, o Brasil é o décimo sétimo país que menos faz testes para o novo coronavírus. Tais dados deixam claro como o descaso com a ciência deixa o país em uma cegueira de diagnósticos da doença. A falta de testes é decorrente de dois cenários diferentes: um internacional e outro nacional. Quando a testagem em massa passou a ser um padrão internacional, países europeus já tinham se antecipado e adquirido grandes quantidades de insumos e testes disponíveis no mercado, o que resultou na escassez dos produtos, e no déficit destes para o Brasil.

Além disso, é preciso destacar os impactos da deficiência na testagem da população brasileira. Com poucos laboratórios capazes de realizar os testes, devido a questões financeiras e estruturais, vivemos um cenário de subnotificação dos novos casos de coronavírus. Primeiro, porque as amostras precisam ser transportadas até os locais de testagem e acabam se tornando inadequadas, resultando em falsos negativos, e segundo, porque a baixa quantidade de testes na rede pública impossibilita a amostragem de grande parte da população. Desse modo, não temos parâmetros confiáveis para mensurar os casos do novo coronavírus, o que deixa nossos representantes políticos sem direção para tomadas de decisão.


Para complicar a situação, em âmbito nacional, o Brasil entrou na pandemia diante de um histórico prejudicial, o que acarretou na falta de verba para autenticação de laboratórios, salários para profissionais capacitados e compra de maquinarias e reagentes, que passaram a ser comprados de indústrias internacionais e se tornaram mais caros devido a alta do dólar. Nos tornamos extremamente dependentes da importação de produtos produzidos por outros países. Desde o mais básico e fundamental, como máscaras cirúrgicas, até produtos mais tecnológicos, como equipamentos, testes diagnósticos e medicamentos, precisam ser importados. A estimativa da indústria é de que cerca de 90% dos insumos farmacêuticos utilizados no Brasil são estrangeiros. Isso é lamentável para um país que tem tanto potencial de produzir ciência, com muitos profissionais bem qualificados na área, mas que acabam também indo para fora do país por falta de valorização aqui dentro.


Diante de todo esse caos, os sucessivos e massivos cortes de verbas para ciência e tecnologia prejudicam a busca incessante dos pesquisadores por vacinas, testes mais eficientes e cura para o COVID-19. Assim, foram realizadas tentativas, por parte do governo, de turbinar a produção científica relacionada ao coronavírus. Apesar de toda a situação alarmante, a ciência no Brasil ainda resiste, e mostra que é capaz de realizar contribuições importantes, não apenas no tratamento e prevenção do coronavírus, como também em outros campos de pesquisa. Resultado de muito esforço e investimento acumulado, seria um desperdício deixar com que esse potencial adormeça.


Entretanto, é evidente que não é possível obter uma mudança drástica na ciência do país do dia para a noite, mas sim com um investimento ao longo prazo. Para evitar que situações como essa voltem a acontecer, primeiramente é preciso criar uma cultura de valorização da ciência no país, deixando a população consciente de sua importância e indispensabilidade. Por parte do governo, é fundamental que os cortes sejam cessados, e além disso, que investimentos voltem a acontecer, porém, de forma contínua e regular. Assim, além das pesquisas terem subsídio para serem realizadas, haverá um incentivo para o crescimento de atuantes na pesquisa do Brasil.




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Referências:

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