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A pandemia pelos olhos dos brasileiros no exterior

A visão da pandemia do novo coronavírus por brasileiros moradores de outros países

 

A pandemia de COVID-19 atingiu muitos países e, consequentemente, medidas diversas foram e ainda estão sendo tomadas visando lidar com a situação. Antes da construção deste artigo jornalístico, alguns brasileiros que moram no exterior foram convidados a relatar sobre o contexto e o histórico da pandemia no país que habitam. Confira, então, relatos de brasileiros que estão lidando com a pandemia do novo coronavírus em países como Portugal, Reino Unido, Itália e Austrália.


PORTUGAL


Fábio Augusto de Souza Dias reside em Lisboa e nos contou um pouco sobre como é o seu dia a dia durante a pandemia do novo coronavírus. Portugal é um país que conta relativamente com poucos casos relatados (pouco mais de 30 mil¹).


Segundo Fábio, esse desempenho foi atingido por conta de uma ação conjunta do governo e da população: “foi mesmo um cenário de restrição total que se via apesar de que, oficialmente, o governo não proibiu (ou não fiscalizou) de forma a exercer o poder acima de tudo, mas sim algo que partiu muito mais para um espírito de conscientização e colaboração de todos do que uma imposição. Os portugueses entenderam que era preciso.” - evidenciando uma postura de obediência e consciência por parte da população.


Porém, ele não deixa de ressaltar os impactos desse isolamento, relatando que houve um grande aumento das taxas de desemprego.


Sobre as perspectivas para o futuro, o brasileiro disse que há uma relativa homogeneidade da opinião da população quanto ao relaxamento do isolamento, sendo esta realizada gradualmente desde o início deste mês, com uma perspectiva da reabertura do comércio até dia 1/6.


REINO UNIDO


Beatriz Pereira Araújo mora em Londres, Reino Unido, e comentou sobre as medidas políticas tomadas no cenário da pandemia no local, como conta nos trechos: “O governo está pagando 80% do salário (que cobre a maioria dos trabalhadores de lojas, comércio em geral, escolas etc. ou seja, trabalhadores de base) que foi impactado com essa quarentena. [...] Todos querem salvar vidas. Aqui não tem cidades com governantes ditadores pedindo para fazer lockdown. Todos os políticos seguem a orientação do governo. [...] Todos podem sair nas ruas, ou seja, o direito de ir e vir foi preservado [...]”; além disso, Beatriz indicou uma perspectiva de retorno às atividades no início do próximo mês: “Uma parte dos serviços já deve voltar ao normal no dia 1/6.”.


Ademais, foi apontada a reação da mídia diante do contexto atípico “Para a mídia essa doença não está sendo tratada do ponto de vista político, mas sim como um problema sanitário.”.


Beatriz também comentou que a população “apoia o sistema público de saúde todas às quinta-feiras às 20:00h aplaudindo por alguns minutos.”. Ressalta-se que o número de mortes confirmadas no Reino Unido por COVID-19 é de mais de 37 mil¹.


ITÁLIA


Anna Beatriz Saito, estudante de Ciências Biológicas em Ribeirão Preto, estava na região de Ancona, na Itália, durante a pandemia. O país foi um dos epicentros da COVID-19, com mais de 230 mil casos¹ e 32 mil mortes¹.


A brasileira relatou um breve período de cancelamento e retorno às aulas no começo de março, antes de medidas serem tomadas, sendo que a primeira de grandes proporções ocorreu no dia 11. Naquela data, as fronteiras foram fechadas e novas leis entraram em vigor: “Não podíamos mais sair na rua a não ser por necessidades essenciais, como ir ao supermercado, à farmácia, ao hospital.”. Anna Beatriz estava com outros estrangeiros realizando intercâmbio no país e relata que se despediu de alguns deles, que retornaram aos países de origem logo no início da pandemia. As medidas por lá foram drásticas: “Constantemente via carros de polícia ou um carro com alto-falantes repetindo as regras em looping e pedindo a todos que ficassem em casa.”. Era possível realizar ligações para uma linha de atendimento, recomendado caso os sintomas fossem leves.


No dia 4 de maio, novas leis foram colocadas em vigor, permitindo uma maior flexibilização: a circulação na mesma cidade tornou-se possível — desde que fizesse o uso de máscaras —, e restaurantes funcionavam com serviços de entrega. “Não era mais necessário assinar um documento falando para onde você estava indo se a polícia pedisse [...]”.


Em seu retorno ao Brasil, em meados de maio, Anna Beatriz contou que “O Aeroporto Leonardo da Vinci em Fiumicino, um dos maiores do mundo, estava quase todo fechado [...]. Em Frankfurt, onde o avião pousou para fazer a conexão, as medidas eram ainda mais drásticas [...]” com inspeções minuciosas.


“Cerca de 300 brasileiros estavam voltando e ao desembarcarmos... nada. Só um aglomerado de pessoas pegando a sua mala, passando pelos funcionários do duty free e seguindo viagem como se o mundo não estivesse em meio a uma pandemia.”


AUSTRÁLIA


Thais Azrak Martineli é uma brasileira que mora em Sidney, na Austrália. De acordo com ela, no início da pandemia no país, “O governo não se pronunciava claramente e a população não tinha certeza do que esperar.”.


Thais relatou que o problema persistiu por certo tempo, até que o governo finalmente decidiu tomar as atitudes necessárias. Com relação à educação, ela afirmou: “Após um longo debate, ficou decidido que as aulas seriam agora entregues aos alunos por plataforma online, e algumas creches permaneceriam abertas para aqueles pais que realmente não pudessem ficar com os filhos durante o dia, e ainda a mensalidade seria congelada até que tudo se resolvesse.”. Adicionou ainda que “quem não respeitasse a quarentena receberia uma multa de mil até 5 mil dólares”.


Houve um impacto na economia e na vida dos australianos: “800 mil australianos ficaram desempregados, sem contar todos os estudantes estrangeiros que moram no país.” relata Thais. Segundo ela, “O governo criou um programa de 60 bilhões para ajudar todos aqueles que ficaram desempregados, mas isso seria aplicável apenas para os trabalhadores chamados de full time [...]”.


A brasileira comentou que houve uma grande preocupação do governo em relação à saúde mental da população, com a criação de telefones e linhas de ajuda disponíveis para quem precisasse. “Além disso, [o governo] também criou um programa para evitar e cuidar de mulheres vítimas de violência doméstica.”, relata. Thais nos conta que foi criado um aplicativo para celular: “[O aplicativo] te informa se você está perto de alguém com a doença COVID-19 e solicita que você faça o teste o mais rápido possível.”.

Em maio, o governo australiano decidiu flexibilizar a quarentena. Segundo Thais, “No dia 25 de maio, os alunos voltaram a ter aula presencial e os escritórios foram autorizados a retornar atividade normalmente [...]. Viagens para áreas regionais também estão permitidas, e o governo está criando incentivos para que a população as realize, para que a economia retorne o mais rápido possível. Durante a quarentena, o prejuízo para o governo é de 4 bilhões de dólares por semana.”. No país, há pouco mais de 7 mil casos¹ e 100 óbitos¹.







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