top of page
ledibusp

A pandemia entre os países

Diferentes medidas foram tomadas por países para conter o avanço da doença; veja a comparação com o que foi feito no Brasil

 

Ruas vazias: A tradicional Rua 25 de Março na cidade de São Paulo em tempos de pandemia. Fonte: Giaccomo Voccio/G1


Dia 1 de dezembro de 2019 foi a data que marcou os primeiros registros dos sintomas da COVID-19 na cidade de Wuhan, na China, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Com o aumento rápido no número de casos, a cidade decretou quarentena no dia 23 de janeiro de 2020. Já era tarde demais. O vírus, altamente infeccioso, já havia se espalhado pela China e, pouco tempo depois, pelo mundo. Seguindo-se a isso, os vôos foram cancelados, os sonhos foram congelados; as empresas bateram suas portas, o desemprego atendeu; o petróleo afundou em novos poços, a natureza respirou. A economia global colapsou com a redução da circulação de pessoas e mercadorias. Nesse cenário, diferentes países adotaram um conjunto de medidas para proteger sua população dos efeitos do coronavírus, tanto social quanto economicamente. Veja a seguir como alguns países buscaram controlar os efeitos da pandemia em comparação com o Brasil:


O caso da Nova Zelândia


A Nova Zelândia foi um país que teve uma rápida e eficiente resposta à pandemia de Covid-19. Apesar de ter adotado medidas consideradas duras, o governo da primeira-ministra Jacinda Ardern conseguiu evitar a rápida disseminação da doença trabalhando não com uma estratégia de mitigação, mas sim de eliminação do vírus. Entre outras medidas que explicam a boa resposta neozelandesa está o fechamento total das fronteiras enquanto o país possuía poucos casos da doença. Essa medida permitiu que estes poucos casos fossem controlados e os contatos dessas pessoas infectadas fossem rastreados. Vale ressaltar que a Nova-Zelândia é um país bem menor que o Brasil e é composto por duas ilhas, portanto o fechamento das fronteiras é mais facilmente efetuado e controlado. No Brasil, também ocorreu fechamento de fronteiras, mas essa medida foi tomada em um momento em que o país já apresentava centenas de casos e a transmissão comunitária já acontecia em diferentes cidades do país.


EUA


O presidente estadunidense, Donald Trump, negava a gravidade da nova realidade do vírus. Conforme aumentava o número de caso, mudou de postura e destinou um pacote de estímulo econômico de US$2 trilhões para o auxílio ao combate e controle da pandemia. Atividades com aglomeração de pessoas, como bares, restaurantes e transportes públicos foram suspensas. O Federal Reserve (FED) realizou o corte de juros para a faixa de 0% a 0,25%; US$ 500 bilhões foram liberados na forma de empréstimos às indústrias afetadas bem como a liberação de US$ 3.000 a milhões de famílias. Os maiores desafios que o país enfrenta são o interrompimento do isolamento social por parte da população bem como o número de leitos disponíveis nas UTIs, sendo Nova Iorque o estado mais crítico, com 80% de seus leitos ocupados. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro continua a ser contrário às medidas de isolamento social, não demonstrando grandes preocupações com a gravidade do vírus. No entanto, os governadores dos Estados Brasileiros tomaram medidas para que o isolamento social se concretizasse. Ainda, o Banco Central reduziu as taxas de juros para 3,75% bem como foi aprovado um auxílio emergencial que destinaria RS$ 600 (US$ 101,90) durante três meses para uma parte da população.


China - onde tudo começou


No país asiático que contém não só a maior população do continente como cerca de 1/4 da população mundial, o primeiro caso de COVID-19 (SARS-Cov-2) foi registrado no dia 1 de dezembro de 2019. O contágio, que rapidamente cresceu no país, graças a esforços governamentais incessantes, que incluíram o fechamento de fronteiras, suspensão de serviços não essenciais, abertura de hospitais para tratamento do casos graves da doença e testagem em massa da população, conseguiu, aparentemente, ser controlado. Desde o fim da quarentena, a China tem adotado uma política de prevenção, mas no sentido de que, pouco a pouco, fosse permitida a volta ao normal das atividades. Ontem, quarta-feira, dia 13, o surgimento de seis novos casos da doença, fez com que a cidade de Jilin voltasse a adotar o isolamento, suspendendo a atividade do transporte público, já no domingo, dia 10. Adicionalmente as autoridades municipais proibiram a circulação de pessoas que não tivessem o teste negativado nas últimas 48h e estão monitorando a compra e distribuição medicamentos analgésicos e antivirais. Até então, desde 7 de abril não se tinha sido relatado mais nenhum óbito no país. O medo da segunda onda de infecção da doença fez com que escolas, parques e cafés voltassem a fechar depois de um período de relaxamento das medidas de segurança. Os impactos econômicos do surto geraram uma crise histórica, na qual a 2° maior economia do planeta teve, depois de anos em ascensão econômica, sua primeira queda no PIB registrada durante a pandemia, além dos mais de 3.000 mortos.


Coreia do Sul


A Coreia do Sul, um país com 51 milhões de habitantes e fronteira apenas com a Coreia do Norte, pode ser considerada um exemplo de enfrentamento do novo coronavírus, devido aos esforços do governo, dos civis e de empresas. Assim que a Coreia teve seus primeiros casos confirmados, destacou equipes responsáveis por fazer um levantamento dos locais em que os pacientes estiveram e as pessoas com que tiveram contato. Além disso, foram desenvolvidos aplicativos para celular com o intuito de alertar os usuários quando estivessem a menos de 100m de um paciente ou de um lugar em que um paciente esteve. Essas medidas, aliadas à testagem indiscriminada e em massa da população, contribuíram para evitar muito do contato dos sul coreanos com o vírus. Embora a quarentena tenha sido apenas recomendada pelo governo, todas as pessoas identificadas como contaminadas foram obrigadas a instalar o aplicativo de monitoramento em seus celulares e a permanecer em suas residências, sob pena de multa (inicialmente em torno de 12 mil reais e, posteriormente, o triplo do valor).

O Brasil tem grande contraste com a Coreia do Sul. Primeiro, sua população equivale a 4 vezes a da Coreia, e a área, 85, e faz fronteira com 9 países, tornando medidas restritivas e investigativas por parte do governo um desafio. Quanto às medidas, há conflito de ideais entre o presidente - que não se mostra à favor das recomendações da OMS - e os governadores - que estabeleceram quarentena nos estados. Com isso, parte da população brasileira aderiu à quarentena, mas o fluxo de pessoas nas ruas continua elevado, enquanto os dados de testes por milhão de habitantes seguem insuficientes (3.459, contra 13.877 da Coreia do Sul).


Testagem: a Coreia do Sul fez testagem em massa.. Fonte: KIM CHUL-SOO / EFE


Alemanha


A Alemanha é um outro exemplo de país que adotou medidas que conseguiram conter o avanço do Covid-19. Um conjunto de fatores pode explicar a eficiência na resposta alemã, a começar pelo posicionamento da chefe de governo, a primeira-ministra Angela Merkel que desde o início tratou com seriedade a pandemia, o que pode ser sintetizado em uma de suas declarações: "A situação é séria. E vocês precisam levá-la a sério. Desde a reunificação da Alemanha… Não, não. Desde a Segunda Guerra Mundial, não há em nosso país um desafio que dependerá tanto de nossa ação solidária conjunta." Também contribuiu para a eficiência na resposta ao vírus a comunicação e a articulação entre o governo central e os estaduais podendo assim, haver uma resposta coordenada e que leve em consideração as disparidades regionais. Além dessas ações, foram tomadas na Alemanha medidas já citadas como a testagem em massa e o cumprimento do isolamento social. Enquanto isso, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro minimiza a crise, ignorando a necessidade do distanciamento social, indo a manifestações e cumprimentando pessoas com apertos de mão. Soma-se a isso, a demissão do ministro da saúde e a falta de diálogo entre governo federal e governos estaduais. Assim, uma resposta eficaz à pandemia é dificultada.



Isolamento social: As medidas de isolamento social adotadas pelo mundo todo provocaram o esvaziamento de pontos turísticos tradicionais como o Portão de Brandemburgo, em Berlim. Fonte: Eduardo Munoz


À direita: Times Square, em Nova York. Fonte: : DW/ Deutsche Welle. À esquerda: Medida da Temperatura: abaixo à esquerda, um homem tem sua temperatura medida em Wuhan, na China. Fonte: JAIME SANTIRSO





Para baixar o artigo, clique no botão abaixo:



Referências:




11 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page